desabafo.

     Ao fundo, um horizonte fazendo o nascer do sol e mais perto a realidade onde o sol não nasce. Não nasce, pois já perde a beleza para alguns. A fome destrói, as drogas trucidam, as grades aprisionam, os males transformam as pessoas. A desigualdade e o preconceito que fazem inúmeras carnificinas por onde passam. Prostituição está para ser formalizada, de tão velha profissão. E nas urnas, o mar de rosas, a saída para tudo isso. Tamanha ironia é também uma crítica a toda a insanidade. Guerras e batalhas se travam pelo simples motivo de o homem achar que é homem. De olhar para si e enxergar apenas uma gama de defeitos. O homem, realmente, é suscetível ao pecado, egoísmo e hipocrisia, mas esses elementos são realmente fundamentais? Qual a graça de figurar entre os mais ricos do mundo, enquanto a maioria da população é pobre? A fraternidade humana só existe nos templos e encontros beneficentes. Nas ruas, um homem caído ao chão é apenas um complemento da paisagem. E o sentido da vida ganha valores bancários, profanos, triviais, burgueses. Viver é muito mais. É sorrir sem razão, é amar sem reciprocidade, é a simplicidade sem ganância e segundas intenções, é a felicidade mútua e múltipla. Infelizmente, os sonhos de hoje são ambiciosos e maliciosos demais. A humilde aspiração de ter uma vida singela, digna, com uma família unida e feliz já é utopia.      

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