lama de sangue.


Abre-se a cortina, acendem-se as luzes, inicia-se o espetáculo. O público canta junto, manifestando o deleite. O cantor observa os olhos apegados do povo, donde tira a inspiração e o gás para ser sublime. Seu corpo, em vezes, conspira contra si, em adrenalina. O concerto estava prazeroso, com fortes batidas e som penetrante. Os músicos riam entre si, com muita facilidade no toque e uma magistral habilidade em ser belo. O vocal se prendia a tons simples. Era um músico de exímia personalidade. Era um poeta do “ao vivo”. Tinha nas mãos o poder de manipular aquelas gentes. Por dentre o público, entre as pessoas, o suor e a atmosfera de felicidade subia como fumaça, literalmente. Os sujeitos, loucos de ouvir, vociferavam cada trecho da música como quem brada em linha de batalha, fiel ao hino, leal à bandeira. É um show emocionante, realmente. O vocalista corre na passarela e se joga no público: mooosh! Pelas mãos da galera, o louro cantor girava alucinado ao som de um solo virtuoso, magnífico. Os ouvintes, agora com o músico em mãos o faziam de deus. Sente-se, subitamente, um rasgão, uma brecha, uma facada nas costas e um grito cortante. Fim de show, lama de sangue.

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