seguir


Eu estava debaixo do viaduto, esperando o ônibus, como de praxe, quando ela desceu. Não a conhecia, para ser exato, mas era ela. Com expressão viajada, ela era simplesmente linda. Eu apenas contemplava tal dama. A brisa se tornou mais fria, mais aconchegante, mais sensual. Ela se movia com delicadeza, mexia o cabelo, com toques leves pelo corpo. Recolhido em mim fiquei, até que ela veio a me indagar as horas. Mais fascínio aplainou-me. Boquiaberto, respondi, de pronto e segui meu elogio silencioso, com os olhos. Ela era meiga, de uma beleza ingênua, idiota de mim que estava babando. Chegada a minha hora de partir, pelo mesmo acaso, ela iria para a minha direção. Fui o caminho inteiro admirando, encarando, olhando. Ela desceu no mesmo lugar que eu. Seria a hora de começar a acreditar em destino? Cruzamos a avenida e tristemente ela não seguiu meu rumo. Seria a hora de eu seguir o dela. Ela ia ao seu caminho, totalmente distraída, sóbria, serena, sentindo o vento e protegendo do sol. Eu me corroia em ansiedade. Flutuava de longe, indeciso, incerto, impreciso. Medroso. Decidi esquecer. Fui andando e logo mais desisti de desistir. Voltei para onde eu estava e nada encontrei, a não ser uma rua que estava queimando, junto comigo. Tentei refazer seu caminho, mas não descobri nada. Sumiu a flor. Destino? Destino uma ova! Não fui capaz, não fui feroz nem corajoso. O sol ardeu minha chance e expectativas. Me restou prosseguir apenas.

Comentários

Postagens mais visitadas