menina.


A boca seca, pintada da noite
O frio mais que açoite, arrepia o queixo
Na esquina vazia à espera de grana
Tal vida doía à sina de ir para a cama
Os olhos inchados, manchados da chuva
Dessas que cai todo dia, quando ela sai de casa
E amor não se sente, nem dor também
Já cata o vintém dum prazer que engana
Que formas? Que beleza? Resta só a essência.
Só engole grosseria, dantes reclamaria
Não fosse a oferta: realizo todas as fantasias.
Cigarro é o de menos, é bom ter
Relaxa e distrai o que os olhos atinam a ver.
Ver seria nada, a moça ainda é castigada.
Sem carinho, como uma fêmea faminta
No cio do seu ritual, pois pague para ver
Para crer e prevalecer à ironia
Que é a vida sexual.
Na cara, nos peitos, ao sal
A gosto, ao modo do freguês
Rude à burguês
Ainda goza do seu rosto
Terminado o programa, desliga-se a tevê
Noutro dia estará a flor à tona
E muitas rosas à venda num jardim de prazer.

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