Atitudes verdes.

Não tenho nem mais um centavo no bolso. Fui do céu para o inferno e recebido pelo próprio dono da casa. Fui de boemia e lidei com muito dinheiro. De certo um revés, um blefe me fez cair do cavalo, de cara, deixando para trás carros, imóveis, algumas marcas famosas, justamente pelo meu maior vício: as cartas. Eu fui mais um magnata a declinar no jogo, entregando meu valoroso e frio suor aos jogadores, meus amigos. Maldita dignidade que me assola até em nessa hora. Odeio lembrar a minha prepotência, imaturidade descarada. Agora pobre e vivendo de favores, sou sustentando pela droga, para não alucinar de vez. Minha desgraça muito desinteressa. Passada das cartas erradas, o vício e a insistência no jogo, o dinheiro fácil, todo um império construído e reduzido pela ambição, pela loucura. Meus nervos pulsam como uma metralhadora em batalha e fico a pico o dia inteiro, lacrimejando, esbravejando, lamentando. Sento numa cadeira qualquer, imaginando ainda ter algum poder. Antes teria mais autoridade para comprar tudo que queria e usufruir do luxo sob o lixo em que muitos habitam. São vespas de uma sociedade desmedida. Eu oriundo da pobreza, à ela retornei.

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