salvos por uma piada.

Nós estávamos reunidos havia horas, sem nenhum resultado. A empresa parecia não dar alternativas, estava a ruir. Todos os investimentos foram sustados e todo o crédito recolhido. Estávamos falidos. Eu já havia tentado fazer empréstimos, fusões, jogadas de venda miraculosas, mas nenhum milagre salvaria a firma. Tivemos várias reuniões durante todos os dias, com a presença de economistas e advogados experientes, aproveitando o pouco que nos restava, onde tivemos de abdicar da vida social e familiar por vezes. Estava difícil. O Gregório estava preocupadíssimo, pois estava numa situação mais complicada que a minha. Morava com a avó, que andava com a saúde precária, além de os custos sob medicamentos e atendimentos médicos sem sucesso. Era um caso grave, diga-se de passagem, sendo o Gregório um rapaz que ainda não desfrutara de todos os prazeres que a vida pode oferecer e agora essas complicações. Permanecíamos sérios a todo custo, tensos pelo que podia estar por vir: o fim. Tratávamos do enxugamento da folha salarial, quando toca um celular. Uma música estranhíssima. Todos pararam com olhos esbugalhados. Era um blues americano, mas a voz do que parecia ser um jovem aventureiro musical era horrível. Algo como um peru cantante. A letra travava um duelo entre dois amantes de uma mesma mulher, mas declamada por tal animal, mais parecia a sinfonia do galinheiro. Não entendi absolutamente nada, todo mundo caiu no riso. O Gregório, dono do celular, também já estava totalmente desfigurado pelo riso. Gargalhadas altas, gritos estrondosos de satisfação, eu cheguei a chorar e quase me molhei de tanto rir. Depois de todos se recomporem, súbito aparecem ideias geniais quanto à salvação da empresa. Até o servente, que havia espalhado todo seu material no chão, quando esperneava de rir, sugeriu coisas boas. Fomos salvos por uma piada. Ou melhor, o Gregório nos salvou.       

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