o medo do músico.


O músico vem andando pela rua, com sua viola debaixo do braço. Vem aflito. Na frente do teatro, ele pára e prende a viola pela alça no ombro. Impõe o primeiro acorde, tira o chapéu da cabeça e coloca no chão, para pegar uns trocados. Começa a tocar e cantar. Tem um semblante meio preocupado, fica olhando para os lados. É grande o número de pessoas que passa pela calçada, pela sua frente. As pessoas passam, o fitam rapidamente, deixam algum dinheiro, umas cédulas. As horas se passavam e ele ainda aflito, tentando sempre olhar nos olhos das pessoas, que, silenciosas, não se permitiam o olhar. O toque era refinado, uma doce melodia, sucinto. O dinheiro já esparramava o chão inteiro, mas o seu desespero se tornava cada vez mais expressivo. Crianças, moços, velhos, vários tipos de gentes o presenteavam, mas nenhuma quantia parecia saná-lo, estava com um estereótipo triste. Não veio nenhum comentário, nem elogio, nem crítica. As pessoas foram escasseando, sumindo, é chegada a noite e junto com ela, o desafinar do músico.    

Comentários

Postagens mais visitadas