passageiros.


Andava no ônibus, quando percebi pessoas sozinhas em seus lugares. Eu, também, só no meu canto. Eu, repleto de dizeres e afazeres, coisas da vida que teria a dizer, mas as pessoas preferem a brisa crua da janela. Desleixadas pelo espaço que sobra. Interessadas em ver a vida passar. Prédios e pessoas em alta velocidade, nada mais. Nenhum perfume ou sabor, vez por outra uma anedota muda e só. Só. Homens e mulheres intocáveis pela imparcialidade, em moda, que a cidade grande fomenta. Teriam essas pessoas alguma queixa ser feita? Só a brisa que adentra pelas janelas, pelos ouvidos, no pensamento sabe. E como bonecos que estamos, assim permanecemos, inóspitos até que chegue a parada. Estamos, até lá, efêmeros, petrificados, pensantes.

Comentários

Postagens mais visitadas