botão de amor.

Um botão balançando entre arbustos. Nenhuma pétala, nem cheiro sequer. Os espinhos nos lugares, afiados. Parecia ter ali havido um bem-me-quer ou mal-me-quer. Sem perfume ou odor, eu não fazia ideia de qual flor seria. Suas pétalas me ajudariam logicamente. Uma orquídea talvez. Margarida, Açucena, Rosa ou Acácia. Violeta, Flor de Lis, Gardênia ou até Dália. Havia sim um torpor que reprimira a memória. E no seu caule um coração poderia pulsar. Pulsar ali o amor de um José por uma Maria, mas mesmo desnuda suspirava amor, a flor. A crueldade em despir a flor não a submetera ao esquecimento dos restos, dos lixos, da decomposição. Era ainda um botão portando pólen, viço, brilho e delicadeza. Passeando, deveria passar um varão, que ao relento, esbofeteou o botão ao chão, onde cai por completo, botão, caule, amor e espinhos. Lá havia algo presumido que tirara a minha atenção das lágrimas do vegetal. As pétalas dispersas como grãos de feijão à mesa. Agora só ao vento cabe a flor em pedaços. O amor? É apenas parte da vida deste verde e cor. Antes fosse só. Ventanias trarão à flor olhos para avistar e pele para sentir o que precisa. O sol é frio, a água é seca, o amor é tudo.   

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