segundas intenções.

A segunda feira tem algo de sagrado, tanto quanto a sexta. A aura desses dias incorpora e rege as pessoas a agirem com mesmo espírito, em geral. Segunda morna, com a sonolência dos lençóis a perseguir as pestanas durante o dia. Em brasas, os olhos insistem em querer dormir, penam por um encosto, um vento frio, o escuro. Há os que ultrapassam os limites e dormem de pé. O trânsito fica mais lento, os sistemas travam, as conversas fluem sem dificuldades, ou dificultosas demais, fazendo-se só o necessário e mais fácil. As luzes se apagam mais cedo, os ventiladores e ares ligam precocemente. Sem falar nas queixas — maldita segunda feira! — que chegam a serem unânimes. A segunda feira, com seu jeitão dengoso, às vezes some nos feriados, mas insiste em se disfarçar na terça ou na quarta. E  com o pretexto de ser a “Segunda”, as pessoas curtem a ressaca, espairecem, bebem um café, deliciam-se com alguns tragos, fazem o ritual. E por tantas segundas a se suceder, teremos eternos inertes, desculpando o ócio pela data.

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