alucinação ou a descrença.



Por um momento estive de vista cerrada
Só um vulto luminoso induzia
Única chance reluzia no obscuro suntuoso
Sem precisão, confiei na sombra
Não vi o que era preciso, era risco
Com a vista nublada, tinha fado incerto
De repente perigo, toneladas algozes
Em rodas e luzes ferozes, o som
O rugido urbano, concreto e brando
Mil estrondos ágeis, vigas e engrenagens
De origem antrópica era meu temor
O concreto não era a palavra
Era o martelo e a pedra
Na pedra nada se escrevia, tinha vista negra
Algoritmos e pinças emergiam do mar
Era o perigo, nascia o risco, mas
Longinquamente uma muralha tangia
Sem falha, era o rumo da figura
Ser ímpar na maré da angústia
E tinha gosto e cheiro de morte
Era morte por umas mãos alucinadas
Um fim digno poderia ser, contudo veja
A vista se abre, do círculo tenebroso
A mão que salva dum modo silencioso
O homem era o vulto, era eu
Por isto confio. De onde vir
Pode outro ser. Pode outro ser.

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