por outros olhos.


Como uma criança conhece o prazer. Que espécie de prazer? O puro. Aquele prazer de olhar uma mãe amamentar o filho, mas olhar por ver os seios desnudos. Estar numa praia, observando longamente nádegas, seios, lances de coxa. E chega súbita a ereção. Os olhos arregalam-se para perceber um adulto risonho, que nem sempre aparece. E depois de assegurado o sigilo e a discrição, o infante segue sua averiguação minuciosa, libidinosa e inocente. Num outro ambiente, numa sala de espera qualquer, no aguardo do chamado, sentado, um menino também qualquer, olhos curiosos, cretinos e sedentos. Eis que chega o decote duma bela moça. Eis que a vista se ergue, eis que a fantasia acontece e que só através desse sonho meio lúcido, meio desejoso que se realiza as vontades dum prazer bruto, que necessita de envelhecimento e molde. O corpo da moça, que nem malicia a pedofilia, expõe-se ao olhar de raios-X. O garoto percebe cada curva e não entende bem o que fazer com elas. Uma pegada de instinto, o conluio da natureza. Quiçá. Quaisquer detalhes sobressaem ao crivo duma criança, onde a curiosidade rega tudo e um pouco mais. Um prazer insano e comumente esquecido, todavia de existência inegável. Quanto à existência, pouco importa. O fato que une animais e homens é especial por tornar o homem menos especial. Veja uma criança, de percepções despretensiosas, é um animal, quase. Sem pejorativos, a vida é mais animalesca do que se imagina.      

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