quantas vezes.



Acabar com a cara no chão. É uma sina que se repete incansavelmente, dia e noite. De vários ângulos, por todos os pontos, essa sociedade multifacetada me faz repensar conceitos ao olhar sua face mais patética: A ignorância.
Estava eu perambulando na seção de livros dum supermercado, exercitando o amansamento do meu consumismo, observando bons títulos, como Flaubert, Bandeira e Freud, confabulando peripécias literárias, ó sim, quando passa ao meu lado uma figura humilde, senhor de seus sessenta anos, com simplicidade declarada e querências apenas nos olhos, contudo, de fisionomia desprendida. Imagino que, pelo toque sábio da idade, vá parar e olhar títulos tanto ou mais que eu. Pessoas leem mais. Ledo engano meu esperar que o sujeito parasse, pois ele segue e para estarrecido diante de uma bela tevê gigante. Uma tevê que trará notícias, novelas, boatos, informações, paradigmas... Dirá de tudo um pouco, premissas. Que dilema. Fui-me sem esperanças.
Nada como dois dias e uma noite no meio. Segui vendo a vida, me debatendo psicologicamente. A discussão entre capitalismo e socialismo vai à tona. Defendo igualdade e recebo uma senhora patada de um economista engajado; a analogia, como pode um padeiro, fazedor de excelente pão, não ser recompensado financeiramente pelo qualitativo serviço? A resposta dada pelo economista fora viril, seu bom dinheiro, claro. Calei-me preocupado.
Assisto a filmes, converso com colegas, enfim é tudo sarcasmo. Barganha-se perene por efêmero, o intelecto pelo objeto. Alienação. Entendo agora por que, aos dizeres, muito estudo enlouquece. Fatidicamente, todo excesso é venenoso, mas não há nem escassez, há carência, ausência. Definições encerradas, dúvidas sanadas, receios, volatilidade. Vem tudo do mesmo lugar: A tevê gigante, o economista e seu padeiro complexado por inferioridade. São males de uma sociedade desgarrada da razão, onde papéis se invertem e atrocidades acontecem. O culpado disto tudo é o homem que se deixa devanear pela ignorância fantasiosa e pontua seu discurso por milhares de instintos egocêntricos. Se finda, cada vez mais, o intelecto, a razão e uma possível cura. São falhas de uma enorme crise perceptiva de imensurável alcance, que perturba até o mais leigo dos sábios. Há abandono e muito a ser feito, mas sem que se reflita, daremos, não só eu, com a cara no chão.        

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