A rã colorida.


A cintilação dos gozos da vida é como rã colorida. A beleza fascinante leva ao toque, um alumbramento inocente ou pueril, o jogo dos impressionismos, os neons da noite, as vozes da multidão em pleno centro, as vitrines, as propostas e as divagações vendidas, os amores de novela, o mercado sexy night, a possibilidade bossal de ser magnata, o dinheiro aromático do caixa eletrônico, o troco, o vício e a felicidade, marca registrada coca cola, a ceia natalina rodeada de vinhos e frios, a páscoa, espera duma paz embalada no plástico, ovos de chocolate, o grito de gol, a camisa do clube e a copa do mundo, o bar lotado, com mulheres estonteantes, cerveja gelada e as gargalhadas, com curtos intervalos de silêncio, a sabedoria pública da internet, os grupos sociais, a crença e a divindade, a moral e o poder, um futuro obscuro deleitado nos venenos mais viscosos e brilhantes, a água que escorre pelo esgoto subterrâneo, a lama dos meio-fios, os líquidos das latas, garrafas e cálices, os símbolos e seus respectivos simbolismos, a paz distante, penosa, sem a qual as massas não sobrevivem, o mal na pele do sapo. A paz encoberta de compaixão e humildade, envolvida em quantos Cristos ou Maomés, com seus pragmatismos, o amor ágape, sete milhões de exemplares vendidos, quantos mais orarão desse jeito, perseguindo a sinuosa reta, o buraco da agulha no palheiro romano. A pedra negra, Caaba, ao carvão do espetinho da esquina se iguala, explosão neste ou naquele quarteirão, o sexo divino das setenta e duas virgens os aguarda. Aqui o fim não é tão obscuro assim, sete palmos, quando muito, nem fim é, segundo os sites mais visitados. Felicidade igual a conforto é hora de rever definições. No entanto, enquanto preferida, a rã colorida intacta e linda permanece sobre a pedra, para quando tocada, olhar para trás num sorriso sarcástico, coaxar améns e pular para mais distante, onde se segue perseguida.               

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