O vazio

O vazio tem vento
Tem o mar, morto.
Tem a praia
Tem meu corpo
Minha'lma.
Esse sem nome machuca
Da ferida desce o sangue
Muitas feridas abertas e desconhecidas
O corpo molhado de suor
De sangue de amor.
O vento toca minha pele
E dói, dói tudo.
Coração apertado, coroado
Por espinhos.
Todos destinados a um
Martírio por vida.
Sei de alguém que pragueja o mal!
No silêncio, as falésias
caem, morrem, desmancham.
Essas falésias, meus olhos:
Rubros, duros, cansados.
O céu nublado, a brisa
Tudo em boa hora
Para apetecer às minhas
Dores, meus erros, meus desejos
Do que penso n'eu.
Esse edifício sem porta
De paredes rachadas
Mesmo tão jovem
De tudo que é sólido e
Desmorona. Basta um instante.
Na morte, na tragédia,
No incidente ou vontade.
Do que aponto e queimo o meu dedo.
Folhas de papel que se
Consomem no fogo.
Se encolhem, retorcem
Como o fumo que se traga
O copo que esvazia
A comida que apodrece
Do ar rarefeito.
O homem mal-feito
Imperfeito, um sujeito
Que queima, esvazia
Apodrece, morre.
O sangue, que da ferida
Jorra, como água pura,
Circula, foge da cicuta
Do remorso e da covardia
É aqui que dou pra trás.
Penso nos meus, em mim.
Sou eu, é ele, finalmente nós.
E ainda sim morremos.
Juntos, como um, na praia
No gelo, boiando na água
Levado pelo vento que aqui
Determina o vazio.

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