escolho viver.

Uma atividade tediosa e sem prumo a que estou. Sonhando vez por outra, aboli as fantasias e o horizonte. Não falo mais de unicórnios nem de ideologias conspiratórias. Cansei de brigar com as pessoas, de tentar explicar que Deus existe e que é outra coisa. As pessoas é que escolhem outros cursos e eu me uni a elas nesse esfacelar de personalidade. Sei que por dentro manterei minha essência fulgurante e apenas verossímil. Versátil e preguiçoso como muitos, resolvi encobrir a minha fugaz inteligência e andar na multidão. Andar sem fazer estardalhaço, sem tirar fotografia, olhando vitrines, guardando panfletos, com um inevitável olhar distante. Porque sei que a imensidão dos prédios e gentes é miúda em meus adágios. Sei que as palestras e os domínios de linguagem nunca irão me satisfazer. Porque sei que a grandiosidade não me afronta, tampouco me abestalho com a lógica moderna, se é que existe. Sei que a complexidade dos cafés urbanos me atrai e esse aroma de velhice me induz piamente. Presumo só o que a vida pode me oferecer, não mais que uma cama confortável e a aposentadoria precoce. Disto da idade avançada, mas anseio pelo tempo que urge, que ruge na ínfima selva de pedra.

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