meleca.

É preciso por os pontos nos is. Não posso andar por aí tentando apressar a maioridade. Não tenho barba, isso conta. Outra coisa: Chega de rótulos. O que me interessa agora? Um bom sorvete napolitano. Se é isto, pronto. Se não, não há problemas. Chega de rotulações infindas, sem que rumemos a algum lugar. E também chega de gula. O que precisamos? Paz. Para refletir, para viver. Paz é muito bom. Sem que estejamos devendo ou obrigados a comparecer. Muito menos a compadecer. A misericórdia está um passo à nossa frente. Temos, antes, de temer nosso julgamento de nós mesmos. O que pensaremos ao dormir, o que nos lembraremos de ter feito na vida, enquanto tomamos banho, o que os nossos olhos verão, quando cruzarmos com a mendicância operante. Devemos temer o pesar de não ter sorrido a um palhaço lerdo. Ouvi uma frase: “Maturidade é quando começamos a entender a mensagem dos desenhos animados”. Que o Jerry é o vilão do Tom, exemplificando. Que o Pica-pau tem seus pecados. Que o espinafre do Popeye não é anabolizante. Que o João tem a coragem ideal, ao trocar uma vaca por feijões. E esperamos os finais felizes, sem perceber que a vida não para. Ou melhor, só para uma vez. Daí tomarmos nosso próprio caminho, escolhendo nossos enfeites, nossa trilha sonora e o conteúdo, que não é destino. Não deixem que leiam sua mão. Leia você mesmo. Permita-se palpitar. Permita o grito de ânsia, a gargalhada indiscreta, as frases desconexas e as piadas sem graça. Aceite os beijos roubados e não corra depois de uma bela topada. Melhor cair sentado, chorando, mas de rir. Deixe passar quem quer correr, prefira a leveza de uma caminhada. Sinta o calor da multidão, observe o olhar solto das pessoas. Admita o coração batendo forte e as bochechas rosadas, ao ver a mulher amada. Os arrotos e puns saem, querendo ou não. O sorriso é opcional. Mas, como eu disse, é preciso por os pontos nos is. Quando o peixe morde a isca, puxamos a vara e, num salto, ele contrasta com a luz do sol, num show de beleza natural. Ele acaba caindo num monte de areia e se sujando ou te jogando na água feito um bobo. É quando percebemos que estamos vivendo e que maturidade é inalcançável. 

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