Tevê Ligada.

Como meditar, se a cada esquina
Eu caio num buraco de rua
E os moleques de rua
Que carregavam pipas
  [Eu carrego lápis na orelha.
Hoje, eles carregam um cigarro
Pesado como a lápide
Que encerrará suas poucas vidas.
Não vejo nada, porque não há cegueira
Mas uma conjutivite infernal
(O colírio só vende no mercado negro)
E os incrédulos sorriem.
Estão esperando-nos numa curva
Sabem a lei da gravidade (E ainda duvidam dela)
Para não cair nos buracos
Da inteligência.

O amor ignora tudo isso!
João ama Maria, ora que incesto.
No entanto, seria amor
e a sociedade não tem que ver com isso.
O tio de Maria a quer em sua cama.
O beato graceja as menores
E por aí vai...

Dentro de uma cápsula
É que é possível observar
As reentrâncias expressas
Ouvir os ecos, que repetidos,
Formam um hino nacional
 [E ponha a mão no peito.
   Só assim se conhece respeito,
   Ou quando entra velho no coletivo.

Grudei minha mão na gosma
Misturado a ela há
um cartaz de propaganda
comida estragada
chips e um crucifixo
a fotografia de uma família antiga
um palavriado hiperbólico
e um tipo de amor
que ora conheço, ora desconheço.

Lembro que vi esse amor na televisão
As pessoas ora prestavam atenção,
Ora conversavam entre si.
Nunca viviam esse amor
E nunca pensavam.

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