Elogiar a esmo.


Quem me elogia, o que espera de mim?
A lucidez da gratidão ou o desprezo da arrogância suficiente?
As minhas características, ora me separam, ora me unem
E estou fumando à esta zero hora, debaixo do guarda-chuva
Continuo molhado, como tudo que me cerca.
Pedra, cão, automóvel, mendigo, casa.

Por um momento, eu sou o curso de toda certeza,
Mas por outro, estou em ócio total
Dormindo, como uma pedra, um cão
Um automóvel, mendigo ou casa.
Intocável.

Exploro cada instante, como quem observa paisagens
E não espera que aconteça profecias
Ao relento de um acaso qualquer
Quando, por ventura, acerto a flecha
Dos escolhidos.
E entro para a galeria dos bem-aventurados:
Eu sou um pevertido que vive à margem
Sem que a história me cumpra
O nascimento e a morte.

Então a beleza que dizes eu possuir
Findará ao crepúsculo
D'eu não ver meus sonhos realizados
E essa tristeza me aflige
Porque não será dito feliz
Aquele que tiver a percepção fulgurante
Desse intenso vexame que sou eu.

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