O mito do eu amante.


Meu coração encolheu você
Pra poder guardar
Como souvenir da última viagem
Ao interior seu.

Você me deu passagem só de ida
Pra um universo de espelhos quebrados
Frio, imundo, despedaçado
Até que encontrei minha face
Num caco preso à moldura

7 e tantos anos de azar,
Mas viagem bem paga foi essa
Deitamo-nos sobre o estilhaço
Vi meu sangue escorrer para sua boca,
escorregar pelo pescoço
E deitar na tua barriga a poça rubra.

Num abraço, ficamos um casulo encarnado.
Que história sem fim,
até hoje o lastro do líquido viscoso
percorre a minha lembrança.

O teu seio orvalhado pelo suor
Minha sobrancelha franzida:
O sobressalto: Até que ponto o pinto desponta?
Eis que sou um homem sem hímen para essas coisas.
Sou aberto, despreocupado e talvez por isso,
viagem tenha sido maravilhosa.

Como fora bilhete sem direito a retorno
Eis que estou aqui preso num lugar inóspito,
nos olhos marejados da sereia.
O que será de mim?
Desço um lance de escadas
A moça pinta a boca
Desenhando o cadeado da minha sentença:
Aprisionado em seu magnífico ser.

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