Sexo casual

Não se sabe, não é certo. Ela tem um olhar sisudo, fixo no horizonte, quando anda pela rua. Cabelos ao vento, olhos delineados, perfume exalando no meio da multidão. Impenetrável.

Mãos espalmadas sobre a mesa, braços tensos, Hélida mordia os próprios dentes. O pênis de Waldécio entrava com dificuldade. Ele tirou um pouco de cuspe da boca e passou na região de atrito. Enfiou tudo de uma vez e a moça engoliu seco.

Quando passou o papel higiênico, uma listra sangrenta. Aquela dor abismal espetava o estômago. Gases ou cólica ou os dois juntos. Deu descarga, fez um rolinho de papel higiênico e pôs no meio da calcinha.

No fundo do ônibus, Hélida mordia a unha do dedo indicador, observando o pedinte. De repente, a unha se partiu e o sangue escorreu. Ela chupou rapidamente, até estancar com a umidade.

A água despenca do chuveiro, Hélida livra o cabelo e deixa escorrer sobre o corpo. Com o barbeador, vai tirando os pelos pubianos, que vão caindo perto do ralo e formando uma moita molhada.

Esticou a pele em volta do olho, passou o lápis de um canto a outro. Escorre lágrima, que logo ela enxuga. Tudo fica borrado de preto. Puta que pariu! A mãe deixa orelha em pé, mas Hélida faz barulho e continua a maquiagem. 

Joga o perfume no pescoço, um pouco no pulso, atrás da orelha. Ajeita o sutiã e a blusa até aparecer o decote. Se olha no espelho longamente. Não sabe bem o que vê. São 20h20. Corre para o ponto de ônibus e logo passa o coletivo, um pouco vazio. Desce duas paradas depois e vem andando, de um beco ermo.

A multidão vai ganhando forma, logo um menino puxa o braço e Hélida se esquiva. Homens viram a cara e fitam a moça descaradamente. Um instante despercebida, Hélida puxa a blusa e o sutiã. Mexe na franja compulsivamente.

O meio-fio em sobressalto faz a moça tropeçar. Ela dá uma corridinha e logo continua a marcha. Umas moças dão um riso rápido. Hélida sente o sangue correr na testa, um arrepio na barriga. Porra, que mico! Entre uma roda e outra, logo ela encontra os amigos.

O primeiro gole. Segura o copo com orelha em pé. Em cada pequeno gole, avidez. Face circunspecta, concentrada em si mesma. Homens olham. Hélida faz que não vê, bebe mais uma vez. Uísque com gelo e energético. No palco, forró, brega ou qualquer coisa. De súbito, desfalece a percepção.

Jefferson vem puxando Hélida pelo braço. Em um beco escuro, na penumbra, ele levanta a parte de trás do vestido dela. Quando encosta na calcinha, sente um volume. Tira por menos, puxa a peça pro lado e enfia o pênis.

O bolinho de papel higiênico embebido de sangue molha a penetração. Os olhos de Hélida fechados, memórias, percepções girando. Os risos, a topada, o pedinte no ônibus, a maquiagem... Dois jatos de esperma, Jefferson que era Waldécio vai embora. Amigos pegam Hélida pelo braço.

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