A lua ontem
Ontem
a lua veio pela metade
Mas
é como se não viesse
Ela
já estava em mim
Aquela lua eterna que ninguém sabe o peso
E
nunca entendeu aquela brancura turbulenta
E
nem conhece o combustível que a faz girar
Quando a lua toca a linha do horizonte,
Ela
gasta um minuto para aparecer ou sumir
A lua tem o peso da luz nos meus olhos
O
peso do meu corpo melancólico sobre o tecido da rede
O
peso das mágoas não resolvidas enquanto a lua esteve atrás das
nuvens
O
peso dos amores inconsequentes que se desenvolveram na carne,
enquanto ardia de frio e calor aquela lua cheia.
O que é a complexidade da lua diante do emaranhado de corações?
Que ela tem a ver?
Mas ela esteve sempre lá, brilhosa, para fora do mundo.
Para
fora das explicações sensíveis, muito longe da sola da bota
espacial americana.
A lua é um coração fechado, ensanguentado de branco.
A
lua nada tem com amores.
Eu
aprendi da pior forma.
Dei
meu coração para ela, num ato de insanidade.
A
lua brilhou solenemente, como o faz todos os dias para a natureza.
E
eu me engasguei em choros, soluços, maldizeres, toda a má sorte de
xingamentos.
A mim, a lua só me ofereceu seu brilho solene e humilde,
Como
coisa real, por fora e por dentro. Brilho e contorno.
Eu
me resignei, como estou fazendo agora e sempre.
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