Nota sobre existência obtusa


As formigas não perdoam nenhum prato deixado na mesa.
Elas sentem e vão atrás.
Mas a carne é fraca todos os dias.
O próximo vacilo é tão certo
quanto a certeza de que o sol cairá para a noite.
Não me importo mesmo.
A morte martela sem justiça.
Não dou à morte nem aos ladrões
O gosto de deteriorar minha volúpia
É com irresponsabilidade que meus dedos teclam
Porque assim o é hoje.
Amanhã não se sabe se haverá palavra
E dou o braço a torcer por mim mesmo.
Que eu dê o primeiro chute
Que eu rasgue a cara no asfalto
Que eu financie o desbunde na terra evangélica
Porque meu evangelho anuncia que:

tudo será tragado.

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