Peito descoberto


Teu perfume se misturou
Ao cheiro das frutas maduras
Na noite diáfana da cidade

O óleo do teu rosto besuntou
Meu peito descoberto
Teu perfume na minha pele

Quero teus cachos espalhados
Na minha cama desforrada
Como pintura surrealista

Quero ir à forra contigo
Para que tu craves as unhas
Nas minhas costas desprotegidas

Naquelas margens intensas
Na terceira margem do rio
Nos enrolamos várias vezes

Entre as flores delicadas
Na Aurora e no Sol
Deixo nosso rastro no manguezal

Vejo que governas o que sinto
Não sei interferir
Essa soberania da vida

Sem mágoas, sem ressalvas
Teu peito no meu
Tua carne na minha

O corpo, por si mesmo,

Se basta

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