Luz e escuridão


Quando entro numa sala escura, e é noite, meus olhos se entregam inteiramente à escuridão. Mas eu definitivamente adentrei à sala e devo me adaptar a essa realidade. Num primeiro momento, minha mente recrimina a escuridão, o medo que ela desperta de um rosto estar a me observar da janela. A noite é silenciosa e só o meu pensamento me ampara nessa sala deserta. Num átimo, todas essas coisas acontecem e me dou conta delas. Eis que minha pupila se abre, como explica a ciência, para se adequar a um ambiente de menos luz e logo eu percebo a silhueta das coisas. Enxergo os livros sobre a mesa, enxergo o gato que dorme inerte no sofá, enxergo a xícara de café esquecida sobre a escrivaninha, percebo um quadro mal-posto na parede, vejo pela janela as folhas do pé de castanhola se balançarem lá fora e ainda distingo que o luar incide sobre a árvore além dessa brisa noturna. É nesse instante que sinto mais calma e entendo que não é necessário temer as coisas que estão em estado de repouso. A escuridão nos exige a calma para perceber a realidade das coisas. O interruptor está bem ao meu lado. Converto toda aquela sombra em luz. E o esforço que fiz para perceber toda a sala no escuro agora perde seu sentido, pois que a luz renovou o estado das coisas. Esse simples exercício nos serviria muito no cotidiano.

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