silêncio.
O mundo dos silêncios é tão distante. Nele a palavra existe escrita, para que a vista consuma e transforme, com a ajuda cerebral, em alimento. Um mundo de árvores, pássaros que assoviam, cães que latem, ventos que sopram, água que escorre como silvo pelos corredores. Neste mundo, porém, os homens, ao invés de falar, calam, silenciam. Eles têm muito a ser dito, mas que, sabe-se, existe outros modos de se dizer. Não há negação da palavra, pois eis que ela é a construtora mor da unidade de raciocínio e lógica humana. Contudo, na palavra pronunciada há o desgaste, o tom requerido, o hálito propagado, um lote de sentidos arraigados a um período. Nada que um olhar não descreva. Que um gesto não resuma. Que um silêncio não dissolva. Por isso se chama mundo dos silêncios. Pela razão que se incute ao silêncio, pelo descaso com o efêmero e curto poder da fala. E o mais instigante é perceber o valor do silêncio em comparação à pífia síntese de que se busca na fala. Não renego a fala, só clamo pelo direito de calar.
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