Uma história de Maria.


Foi quando Maria descambou pela ladeira.
As partes em brasa de tanto amor.
Ela se jogou como uma pedra no açude, 
que as vitórias régias se espalharam numa onda.

As ruas do vilarejo estavam vazias, porque era domingo
E quem tinha o tino no lugar estava com o cachimbo na boca.

Maria não.

Ela acudiu dois rapazes de 14 e 17 anos que estavam de passagem.
Sujos, rotos, maltrapilhos, tinham um gênio que não escondia a perversidade da vida.

Já haviam rasgado rosálias de mulheres prostitutas ou até de meninas que viviam jogadas pelas marquises. Esses moleques.

Maria, de santa só tinha o nome. Mas era pura numa coisa: a liberdade.

Ela nunca olhou pra trás, nunca usou de fineza, nem de compaixão.

Maria era magra, negra da noite, olhos faiscantes, solta pelo mundo feito um felino qualquer, que se compraz com qualquer besteira ou com nenhuma.

É no de repente que ela pega a gente na quebrada. Se tu espera um gesto de carinho, Maria some no meio do mundo e só aparece uma semana depois, em outra freguesia. Não se apaixone, porque Maria voa.

Enquanto boiava na lagoa, esfriando a genitália, Maria olhava o céu e via Pasárgada por entre as nuvens. Mas uma Pasárgada sem rei, sem lei, sem enxada nem porteiro.

Era só o que Maria queria: Prazer! No dia que a Ciência tomar ciência de Maria, ela já tem evaporado, já se consumiu.

Medo da morte? Quem disse? Maria não é dessas. 

Comentários

Postagens mais visitadas