A moça da reisada.


À Kelane Oliveira.

Sentado como um rei falido
não lhe suprimiram o poder
mas a honra e eis a mulher
Uma odalisca sem pátria
Repatriada em si mesma
O rei sem posses observa-a.
E como uma serpente sinuosa,
a moça rebola ciências nuas.

Ombros lustrosos, nariz afilado
Persiste em si, golpeia tudo
ao seu redor, sem maestria,
mas com destreza ferina.
Uma leoa de juba e rugido
  [cortante.

O pensamento vacilante entorpece
Rei e moça, dois perdidos.
O rei, um coroa, seduz senilmente.
A moça, crua infinidade, sorri.

E por que não? Deitam-se no leito
Embolando-se entre lençóis
Agora dois jubilados, exonerados
de uma das filosofias.
Eis o choque da negra dissoluta
Com o burguês pervertido.

Imperam tolos rótulos
Mas ei-los alienados e vãos
Ei-los meninos libidinosos
Ei-los toda seca e torrente
Todo sumo e escassez
Todo viço a definhar
Eis a vida, sem renome
Sem pronome, eis a vida.
Porque dela não me desfiz..
Nunca...

Comentários

Postagens mais visitadas