sala silenciosa.


Um pouco de poeira aterrissada, sujeira na parede: marcas de solas de sapato, riscos de piloto, umas manchas. Circundando o quadro, coisas escritas. Não só palavras, como também siglas, símbolos e zombarias. Ao lado direito, frontalmente, uns cartazes e recomendações. Apagador, pilotos e pó. O quadro manchado em nuances de azul, vermelho e preto. Há resquícios de desenhos feitos recentemente, obras. Em cima do palanque docente, podem-se avistar as carteiras dispostas. São dezenas, enfileiradas com perfeição, umas danificadas, outras rabiscadas com nomes, dizeres, desenhos pintados com corretivo branco ou esferográfica de qualquer cor. Junto à porta, o lixeiro, o alarme. A sala, e é uma sala, não dispõe de pensamento, nem fantasmas. É tão vazia quanto o deserto mais abrasador. Sem vento nem dimensões sobrepostas. Objetos situados e apenas um é reiterável. No teto plano, o projetor com apetrechos dependurado, observando à tudo e refletindo o projeto. Reflete uma palavra em fonte clássica e centralizada. A palavra é presente tanto quanto o ar circunavegante. Desliza pelas formas e espaços. Tão onipresente quanto o próprio deus que a ver tudo, consente o destino. Essa palavra oculta, apenas age e presencia, servindo o mundo com sua eterna e certa presença: O silêncio.

Comentários

Postagens mais visitadas